quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

PROJETORES - Crepúsculo: Amor à Primeira Mordida e Partidas de Beisebol

Crepúsculo conta a história de Bella Swan (garota de 17 anos, interpretada pela irresistível Kristen Stewart) que decide se mudar da ensolarada Phoenix, onde morava com a mãe e o novo marido dela, para viver com seu pai na fria e chuvosa Forks, onde passa a freqüentar o colégio de lá e acaba se sentindo atraída pelo misterioso Edward Cullen (interpretado por Robert Pattinson), garoto pálido, de bela aparência e anti-social, que costuma andar apenas com seus irmãos durante os intervalos das aulas, tão reclusos quanto ele. A princípio, Edward faz de tudo para evitar a garota, mas como ela insiste em descobrir seus mistérios e atiça seu lado protetor, por sempre se meter em acidentes e confusões, ele desiste e acaba cedendo. E à medida em que Bella vai se aproximando de Edward descobre que ele é um vampiro.

Muitas resenhas de Crepúsculo (filme hit do ano, dirigido por Catherine Hardwick) que eu tenho lido por aí costumam não apenas citar, mas exaltar as críticas negativas ao filme. Oras, não é para tanto. No Rotten Tomatoes ele está com 50% de críticas positivas e 50% de críticas negativas. Até agora o site analisou 180 resenhas publicadas em jornais, revistas e sites. Por mais incrível que possa parecer, a resenha com a qual eu mais simpatizei sobre o filme é da Isabella Boscov da revista Veja, apesar de ser um tanto condescendente.

Para começo de conversa, Crepúsculo se trata de uma adaptação de um livro muito famoso, aliás, um verdadeiro fenômeno que eu não li. O que é bom num determinado contexto. Assim temos a análise de uma pessoa que leu o livro (logo abaixo) e de quem nem chegou a ter o livro em mãos, como eu. É inegável que o roteiro foi escrito pensando-se nos fãs do livro, naqueles que já tinham conhecimento da história dos vampiros teenagers. Até aí tudo bem, desse estilo existem muitos por aí, como, por exemplo Harry Potter e o Cálice de Fogo (por coincidência, Robert Pattinson, o Edward de Crepúsculo, dá as caras nesse filme também), um filme feito para fã. Mas o problema é que o filme decepciona até os fãs em alguns momentos o que acredito que a Sygma tenha explicado muito bem em seu texto sobre o filme. E para quem não é fã, fica meio complicado entender qual é a de todos os personagens que aparecem na tela. Algumas passagens que parecem vitais para a compreensão da história e dos fatos, parecem não funcionar, não atingir quem não conhece a saga literária escrita por Stephenie Meyer.

Toda a nossa compreensão sobre outros famosos vampiros do cinema é completamente dispensável para entender a versão cinematográfica de Crepúsculo e, sinceramente, aceitar os vampirinhos modernos, vegetarianos, glamourosos, que pulam feito macacos em árvores, praticam abstinência sexual e saem ao sol é bem mais fácil para aqueles que já ouviram falar da obra literária. Do contrário a traição das características tradicionais dos vampiros, transformando tudo o que sabemos sobre esses seres fascinantes em mito, pode servir para espantar os mais ortodoxos. Claro que o fator sedução, a sede por sangue, a palidez da pele e a rivalidade com lobisomens ainda existem, o que já faz com que Crepúsculo ganhe pontos.

Quando disse que concordo com a crítica da Boscov (aleluia!), é porque ela explicitou uma característica do filme que eu apontei como sendo seu maior mérito após a sessão: a sinceridade. É um filme que apresenta uma história de amor muito sincera, isso é inegável. É claro que Crepúsculo é um filme mais destinado ao público feminino (especialmente adolescentes), e analisando por esse ângulo, pode-se dizer que ele cumpre sua proposta com louvor, pelo menos no quesito melação.


Os efeitos especiais são ruins. Ponto. Mais que ruins, eu diria. Isso claro, deve-se ao orçamento baixo, mas não é para tanto. A maquiagem é outro ponto negativo do filme e câmera trêmula é uma falha grave. É para evidenciar uma marca pessoal da diretora? Sei lá até que ponto isso faz parte de sua identidade como cineasta (se é que faz), mas a verdade é, que nesse contexto, não funciona. Alguns diálogos são pra lá de clichês e só vão encantar mesmo as garotas über românticas. Também me cansou um pouco certas obviedades do roteiro, um exemplo é a cena em que a humana Bella revela ao vampiro Edward que conhece seu segredo e cita em voz alta quais foram as pistas que a levaram a tal conclusão. Mas Catherine Hardwick filma com tanta sinceridade os clichês, (ás vezes, assumindo um tom até melancólico, claro, graças à contribuição do bom elenco) que eu, confesso, acabei até me simpatizando com o trabalho dela.

Robert Pattinson me incomodava nos trailers com aquela cara de “mamãe quero ser galã!”, mas ele se mostra aqui uma das gratas surpresas do filme dividindo o palco com uma carismática e encantadora Kristen Stewart. Só a sintonia intensa entre as duas personagens já vale. Pattinson tem tudo para se firmar como um dos grandes galãs de Hollywood e em Crepúsculo mostra competência, além de fazer as meninas suspirarem o tempo todo. O ator consegue contornar muito bem a obviedade dos diálogos e as limitações dos efeitos especiais (que existem no filme mais em função de sua personagem mesmo), inclusive do fraquíssimo efeito pisca-pisca, tornando sua personagem cativante. Kristen... Oras... Muito eficiente além de tentadora. A atriz dá vida a uma Bella graciosa e bonita (mas não linda de morrer), passível de identificação, tridimensional e que já ganhou meu coração. E o que ouvi dizerem por aí é verdade. Durante a projeção as expressões insinuantes estampadas no rosto da menina e os olhares do tipo: “Fuck me hard and fast” que ela lançava para o vampirinho galã eram de tirar o fôlego. Dava até para sentir uma pontinha de inveja do tal Edward... Não sei se foi o fascínio que a menina exerceu sobre mim que me fez imaginar coisas, mas... será que só eu notei que houve outro sentido (até mesmo um pouquinho de decepção) na pergunta que ela faz ao Edward no quarto: “Sem cama?”. Que garota.


Mas não só o duo principal está bem como também o restante do elenco. Os rostinhos estranhos e desconhecidos de adolescentes desajeitados da Forks High School tornam tudo mais plausível. A exceção dos Cullen, todos os outros alunos da escola tem idades correspondentes às que aparentam ter no filme. Jessica Stanley, é a típica garota chata, histriônica e inconveniente, mas é uma graça. Outra gracinha é a Angela, com carinha de nerd, doce e encantadora. Eric não faz falta e Mike consegue ser o garoto grudento (do tipo que faz a gente rir dele e não com ele), mas ainda assim consegue fugir de ser um personagem chato. Nikki Red é uma escolha equivocada para ser a Rosie, caricata e afetada. Emmet é muito carismático, Jasper, por enquanto é só mais um, vamos ver mais pra frente e Billy Burke está convincente como o pai de Bella. Bom elenco, pelo menos nesse ponto não se tem do que reclamar.

Ao contrário dos efeitos, a fotografia é realmente muito bonita, pálida em certos momentos e a trilha sonora altamente pop funciona direitinho. Boa a música do Black Ghosts e a Bella’s Lullaby de Carter Burwell é mesmo brilhante.

Crepúsculo é um filme que se salva graças algumas cenas espertas. Do contrário, ficaria bem abaixo da média. Os contrastes entre a menina fraca e comum e o vampiro forte e sedutor são evidenciados pelo jeito desastrado de Bella e pelas diferenças até mesmo de figurino de ambos. Enquanto ela insiste em modelitos mais casuais, ele sempre se traja com certo glamour e elegância, mesmo quando usa roupas mais normais. E claro, pelo fato de a garota odiar o frio de Forks e amar o clima ensolarado de Phoenix e acabar se apaixonando por um “frio” por excelência. Edward, embora seja de uma família de vampiros, tem impulsos de um garoto de 17 anos. Certo que ele tem que ter mais controle do que um humano, e se sente inseguro ao apresentar a namorada à família, temendo que seja assustador demais. Não pelo fato de serem vampiros, mas pelo fato de ser sua família conhecendo a sua garota. Simples assim. E isso já rende uma boa seqüência.

Outras boas cenas são a piada do Google (que a protagonista não leva como piada) ou quando Bella diz que deve ser um inferno repetir sempre o colegial, estar sempre com essa idade perigosa que é os 17 anos. Outra cena que se destaca (seria melhor se os efeitos contribuíssem) é aquela em que Edward salta pelas árvores com Bella em suas costas e eles curtem um romance nos galhos destas ao som da canção de ninar que o vampiro compôs para a amada. O beijo entre os dois é mais um exemplo de boa cena: tem um quê de inocência, de descoberta, mas com um toque sutil de sensualidade. A seqüência que abre o filme, que mostra um veado sendo perseguido por um estranho ser também é digna de nota.

Por outro lado, a luta final é ruim e o vilão... Bem, ele é tão sem propósito, desnecessário... se existe no livro e persegue Bella pelos mesmos motivos do filme, então o erro vem já do original.

Embora pudico, não acredito que ele prega a castidade e quer tentar empurrar a virgindade goela abaixo de seus telespectadores. É uma história de amor pura e simplesmente, onde os toques não podem passar dos limites, mas existe uma sexualidade latente e a maior angústia do casal é não poder se tocar como quer, não poder se sentir, se experimentar... Não entendo esse pessoal que enxerga coisa onde não tem. Assim como não entendi o pessoal que encontrou conotações machistas no filme. Pra mim a manipuladora é a tal da Bella.

Se narrada por Edward a história ganharia contornos mais interessantes até talvez de um conto de super herói. Imaginar Edward narrando a história como o vampiro poderoso, provido da capacidade de ouvir pensamentos e ao mesmo tempo sentindo-se inseguro, com medo de ferir o amor de sua vida, cuja mente é a única que ele não consegue ler e o que, a certa altura, é o que ele mais deseja; ver a sua jornada de renúncia e depois de entrega a esse amor proibido com uma menina impulsiva, inconseqüente, que sabe que está em perigo e mesmo assim ousa ficar perto do vampiro; alguém que ele tenta a todo custo manter viva, embora a sede pelo seu sangue seja poderosa e violenta... Desperdiçam-se aqui as nuanças de uma personagem riquíssima que sabe o quanto pode machucar de várias maneiras a garota que ama, de quem tenta se distanciar, sem sucesso, pois já está envolvido.

Mas enfim, a película até que cumpre em parte seu objetivo. Funciona se levarmos em conta que é baseado em um livro de uma história fantástica destinado a garotas do público infanto-juvenil. Pedir mais que isso? Claro que dá! Certamente. Eu queria ter gostado mais do filme, eu até gostei, mas os efeitos melhorzinhos, maquiagem mais eficiente, diálogos menos óbvios contribuiriam muito. Fica a esperança de que o novo diretor consiga elaborar cenários mais fantásticos, pois é nisso que o filme peca, mas que mantenha a sinceridade de Hardwick ao filmar essa história de amor improvável e consiga extrair de seu elenco as angústias de um amor adolescente proibido como a diretora fez sutilmente. Claro, a rivalidade com os lobisomens pode tornar a seqüência bem mais interessante que esse primeiro filme da franquia.


Ah, e a tão falada seqüência gratuita do beisebol... é gratuita, mas não deixa de ser divertida. Deixe-se levar, não pense muito... E curta um filminho divertidinho e bonitinho. E, pelo menos, é um filme bem melhor que os pavorosos O Menino do Pijama Listrado e A Lista: Você Está Livre Hoje, disparado as piores bombas de 2008.

3 comentários:

Unknown disse...

Eu amei o filme tudo de bom.
Ele vai ter continuaçao?

harry potter disse...

vai vai ter mais dois filmes♥ lua nova e eclipsce

Unknown disse...

e o amanhecer tbm...