terça-feira, 30 de dezembro de 2008

78 ROTAÇÕES - Paralamas do Sucesso e os 25 anos de Cinema Mudo


"Os Paralamas do Sucesso iam tentar tocar na capital" esse era o trecho da música Vital e Sua Moto, música do compacto homônimo do qual impulsionaria o lançamento do 1º LP de uma banda que entraria para a história do rock nacional! Os Paralamas do Sucesso.
Esse disco nesse ano, completou 25 anos,desde seu lançamento. Infelizmente pesquisei e não descobri o mês que foi lançado.
Com certeza, na minha opnião, é um dos melhores discos da banda lançou com ótimas músicas, como a música titulo do LP, Vital, Foi o Mordomo e Química (composição de Renato Russo ainda na época do aborto elétrico, que depois seria gravada pela Legião Urbana).
Ainda falta na minha coleção esse disco, mas um dia com certeza eu terei.
Parabéns aos Paralamas por todos esses anos na estrada, que desde essa época se mantém firme com amesma foramação. Com essa comemoração quem ganha o presente somos nós os fãs.
Aproveito o momento e separei um vídeo da da banda se apresentando no Rock n' Rio, cantando Vital e Sua Moto, que está abaixo.
Veja também o site da banda


quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

PROJETORES - Crepúsculo: Amor à Primeira Mordida e Partidas de Beisebol

Crepúsculo conta a história de Bella Swan (garota de 17 anos, interpretada pela irresistível Kristen Stewart) que decide se mudar da ensolarada Phoenix, onde morava com a mãe e o novo marido dela, para viver com seu pai na fria e chuvosa Forks, onde passa a freqüentar o colégio de lá e acaba se sentindo atraída pelo misterioso Edward Cullen (interpretado por Robert Pattinson), garoto pálido, de bela aparência e anti-social, que costuma andar apenas com seus irmãos durante os intervalos das aulas, tão reclusos quanto ele. A princípio, Edward faz de tudo para evitar a garota, mas como ela insiste em descobrir seus mistérios e atiça seu lado protetor, por sempre se meter em acidentes e confusões, ele desiste e acaba cedendo. E à medida em que Bella vai se aproximando de Edward descobre que ele é um vampiro.

Muitas resenhas de Crepúsculo (filme hit do ano, dirigido por Catherine Hardwick) que eu tenho lido por aí costumam não apenas citar, mas exaltar as críticas negativas ao filme. Oras, não é para tanto. No Rotten Tomatoes ele está com 50% de críticas positivas e 50% de críticas negativas. Até agora o site analisou 180 resenhas publicadas em jornais, revistas e sites. Por mais incrível que possa parecer, a resenha com a qual eu mais simpatizei sobre o filme é da Isabella Boscov da revista Veja, apesar de ser um tanto condescendente.

Para começo de conversa, Crepúsculo se trata de uma adaptação de um livro muito famoso, aliás, um verdadeiro fenômeno que eu não li. O que é bom num determinado contexto. Assim temos a análise de uma pessoa que leu o livro (logo abaixo) e de quem nem chegou a ter o livro em mãos, como eu. É inegável que o roteiro foi escrito pensando-se nos fãs do livro, naqueles que já tinham conhecimento da história dos vampiros teenagers. Até aí tudo bem, desse estilo existem muitos por aí, como, por exemplo Harry Potter e o Cálice de Fogo (por coincidência, Robert Pattinson, o Edward de Crepúsculo, dá as caras nesse filme também), um filme feito para fã. Mas o problema é que o filme decepciona até os fãs em alguns momentos o que acredito que a Sygma tenha explicado muito bem em seu texto sobre o filme. E para quem não é fã, fica meio complicado entender qual é a de todos os personagens que aparecem na tela. Algumas passagens que parecem vitais para a compreensão da história e dos fatos, parecem não funcionar, não atingir quem não conhece a saga literária escrita por Stephenie Meyer.

Toda a nossa compreensão sobre outros famosos vampiros do cinema é completamente dispensável para entender a versão cinematográfica de Crepúsculo e, sinceramente, aceitar os vampirinhos modernos, vegetarianos, glamourosos, que pulam feito macacos em árvores, praticam abstinência sexual e saem ao sol é bem mais fácil para aqueles que já ouviram falar da obra literária. Do contrário a traição das características tradicionais dos vampiros, transformando tudo o que sabemos sobre esses seres fascinantes em mito, pode servir para espantar os mais ortodoxos. Claro que o fator sedução, a sede por sangue, a palidez da pele e a rivalidade com lobisomens ainda existem, o que já faz com que Crepúsculo ganhe pontos.

Quando disse que concordo com a crítica da Boscov (aleluia!), é porque ela explicitou uma característica do filme que eu apontei como sendo seu maior mérito após a sessão: a sinceridade. É um filme que apresenta uma história de amor muito sincera, isso é inegável. É claro que Crepúsculo é um filme mais destinado ao público feminino (especialmente adolescentes), e analisando por esse ângulo, pode-se dizer que ele cumpre sua proposta com louvor, pelo menos no quesito melação.


Os efeitos especiais são ruins. Ponto. Mais que ruins, eu diria. Isso claro, deve-se ao orçamento baixo, mas não é para tanto. A maquiagem é outro ponto negativo do filme e câmera trêmula é uma falha grave. É para evidenciar uma marca pessoal da diretora? Sei lá até que ponto isso faz parte de sua identidade como cineasta (se é que faz), mas a verdade é, que nesse contexto, não funciona. Alguns diálogos são pra lá de clichês e só vão encantar mesmo as garotas über românticas. Também me cansou um pouco certas obviedades do roteiro, um exemplo é a cena em que a humana Bella revela ao vampiro Edward que conhece seu segredo e cita em voz alta quais foram as pistas que a levaram a tal conclusão. Mas Catherine Hardwick filma com tanta sinceridade os clichês, (ás vezes, assumindo um tom até melancólico, claro, graças à contribuição do bom elenco) que eu, confesso, acabei até me simpatizando com o trabalho dela.

Robert Pattinson me incomodava nos trailers com aquela cara de “mamãe quero ser galã!”, mas ele se mostra aqui uma das gratas surpresas do filme dividindo o palco com uma carismática e encantadora Kristen Stewart. Só a sintonia intensa entre as duas personagens já vale. Pattinson tem tudo para se firmar como um dos grandes galãs de Hollywood e em Crepúsculo mostra competência, além de fazer as meninas suspirarem o tempo todo. O ator consegue contornar muito bem a obviedade dos diálogos e as limitações dos efeitos especiais (que existem no filme mais em função de sua personagem mesmo), inclusive do fraquíssimo efeito pisca-pisca, tornando sua personagem cativante. Kristen... Oras... Muito eficiente além de tentadora. A atriz dá vida a uma Bella graciosa e bonita (mas não linda de morrer), passível de identificação, tridimensional e que já ganhou meu coração. E o que ouvi dizerem por aí é verdade. Durante a projeção as expressões insinuantes estampadas no rosto da menina e os olhares do tipo: “Fuck me hard and fast” que ela lançava para o vampirinho galã eram de tirar o fôlego. Dava até para sentir uma pontinha de inveja do tal Edward... Não sei se foi o fascínio que a menina exerceu sobre mim que me fez imaginar coisas, mas... será que só eu notei que houve outro sentido (até mesmo um pouquinho de decepção) na pergunta que ela faz ao Edward no quarto: “Sem cama?”. Que garota.


Mas não só o duo principal está bem como também o restante do elenco. Os rostinhos estranhos e desconhecidos de adolescentes desajeitados da Forks High School tornam tudo mais plausível. A exceção dos Cullen, todos os outros alunos da escola tem idades correspondentes às que aparentam ter no filme. Jessica Stanley, é a típica garota chata, histriônica e inconveniente, mas é uma graça. Outra gracinha é a Angela, com carinha de nerd, doce e encantadora. Eric não faz falta e Mike consegue ser o garoto grudento (do tipo que faz a gente rir dele e não com ele), mas ainda assim consegue fugir de ser um personagem chato. Nikki Red é uma escolha equivocada para ser a Rosie, caricata e afetada. Emmet é muito carismático, Jasper, por enquanto é só mais um, vamos ver mais pra frente e Billy Burke está convincente como o pai de Bella. Bom elenco, pelo menos nesse ponto não se tem do que reclamar.

Ao contrário dos efeitos, a fotografia é realmente muito bonita, pálida em certos momentos e a trilha sonora altamente pop funciona direitinho. Boa a música do Black Ghosts e a Bella’s Lullaby de Carter Burwell é mesmo brilhante.

Crepúsculo é um filme que se salva graças algumas cenas espertas. Do contrário, ficaria bem abaixo da média. Os contrastes entre a menina fraca e comum e o vampiro forte e sedutor são evidenciados pelo jeito desastrado de Bella e pelas diferenças até mesmo de figurino de ambos. Enquanto ela insiste em modelitos mais casuais, ele sempre se traja com certo glamour e elegância, mesmo quando usa roupas mais normais. E claro, pelo fato de a garota odiar o frio de Forks e amar o clima ensolarado de Phoenix e acabar se apaixonando por um “frio” por excelência. Edward, embora seja de uma família de vampiros, tem impulsos de um garoto de 17 anos. Certo que ele tem que ter mais controle do que um humano, e se sente inseguro ao apresentar a namorada à família, temendo que seja assustador demais. Não pelo fato de serem vampiros, mas pelo fato de ser sua família conhecendo a sua garota. Simples assim. E isso já rende uma boa seqüência.

Outras boas cenas são a piada do Google (que a protagonista não leva como piada) ou quando Bella diz que deve ser um inferno repetir sempre o colegial, estar sempre com essa idade perigosa que é os 17 anos. Outra cena que se destaca (seria melhor se os efeitos contribuíssem) é aquela em que Edward salta pelas árvores com Bella em suas costas e eles curtem um romance nos galhos destas ao som da canção de ninar que o vampiro compôs para a amada. O beijo entre os dois é mais um exemplo de boa cena: tem um quê de inocência, de descoberta, mas com um toque sutil de sensualidade. A seqüência que abre o filme, que mostra um veado sendo perseguido por um estranho ser também é digna de nota.

Por outro lado, a luta final é ruim e o vilão... Bem, ele é tão sem propósito, desnecessário... se existe no livro e persegue Bella pelos mesmos motivos do filme, então o erro vem já do original.

Embora pudico, não acredito que ele prega a castidade e quer tentar empurrar a virgindade goela abaixo de seus telespectadores. É uma história de amor pura e simplesmente, onde os toques não podem passar dos limites, mas existe uma sexualidade latente e a maior angústia do casal é não poder se tocar como quer, não poder se sentir, se experimentar... Não entendo esse pessoal que enxerga coisa onde não tem. Assim como não entendi o pessoal que encontrou conotações machistas no filme. Pra mim a manipuladora é a tal da Bella.

Se narrada por Edward a história ganharia contornos mais interessantes até talvez de um conto de super herói. Imaginar Edward narrando a história como o vampiro poderoso, provido da capacidade de ouvir pensamentos e ao mesmo tempo sentindo-se inseguro, com medo de ferir o amor de sua vida, cuja mente é a única que ele não consegue ler e o que, a certa altura, é o que ele mais deseja; ver a sua jornada de renúncia e depois de entrega a esse amor proibido com uma menina impulsiva, inconseqüente, que sabe que está em perigo e mesmo assim ousa ficar perto do vampiro; alguém que ele tenta a todo custo manter viva, embora a sede pelo seu sangue seja poderosa e violenta... Desperdiçam-se aqui as nuanças de uma personagem riquíssima que sabe o quanto pode machucar de várias maneiras a garota que ama, de quem tenta se distanciar, sem sucesso, pois já está envolvido.

Mas enfim, a película até que cumpre em parte seu objetivo. Funciona se levarmos em conta que é baseado em um livro de uma história fantástica destinado a garotas do público infanto-juvenil. Pedir mais que isso? Claro que dá! Certamente. Eu queria ter gostado mais do filme, eu até gostei, mas os efeitos melhorzinhos, maquiagem mais eficiente, diálogos menos óbvios contribuiriam muito. Fica a esperança de que o novo diretor consiga elaborar cenários mais fantásticos, pois é nisso que o filme peca, mas que mantenha a sinceridade de Hardwick ao filmar essa história de amor improvável e consiga extrair de seu elenco as angústias de um amor adolescente proibido como a diretora fez sutilmente. Claro, a rivalidade com os lobisomens pode tornar a seqüência bem mais interessante que esse primeiro filme da franquia.


Ah, e a tão falada seqüência gratuita do beisebol... é gratuita, mas não deixa de ser divertida. Deixe-se levar, não pense muito... E curta um filminho divertidinho e bonitinho. E, pelo menos, é um filme bem melhor que os pavorosos O Menino do Pijama Listrado e A Lista: Você Está Livre Hoje, disparado as piores bombas de 2008.

PROJETORES - Crepúsculo: Vampiros que jogam beisebol

Crepúsculo (Twilight, 2008) é um filme adolescente para adolescentes. E quase exclusivamente, adolescentes do sexo feminino. Não que isso seja ruim, não é. E definitivamente o filme não é ruim. Mas olhando aqui e ali, podemos perceber que Crepúsculo tinha muito potencial, que infelizmente não foi explorado. E quem, como eu, leu o livro entende melhor ainda do que eu estou falando.

É inegável que a obra literária na qual o livro é baseado conquista, em sua maior parte, o público adolescente, mas acredito que ele possa encantar pessoas das mais variadas gerações. A autora Stephenie Meyer se utiliza muito inteligentemente de elementos como o romance proibido entre uma humana e um vampiro e toda uma nova mitologia acerca de vampiros e lobisomens para envolver o leitor numa atmosfera psicológica e num clima de suspense que dão o tom à obra e prendem a atenção até o fim, explorando a dualidade (temos o vampiro Edward Cullen que jamais machucaria a sua amada Bella Swan, mas luta constantemente contra o intenso desejo de mordê-la. Do outro lado temos Bella, que se sente atraída pelo vampiro e também sente um desejo estranho em ser mordida). E é essa ambivalência que permeia toda a história que a torna tão cativante. A narrativa de Meyer é vigorosa e tem um frescor que contagia os leitores. Mas, sobretudo, é uma trama adolescente. Os livros de Stephenie Meyer também são vistos como livros voltados para o público feminino. É fato que a maior fatia de seus leitores é composta por mulheres e não apenas adolescentes como se apregoa. Mulheres mais velhas também se interessam pela história da garota anti-social, nerd, responsável e madura para sua idade que vai morar com o pai numa cidadezinha obscura e fria e se apaixona por um vampiro charmoso, gentil, inteligente, mas perigoso, o que a torna mais negligente consigo mesma, impulsiva e inconseqüente.

Acho que os livros de Meyer (nem todos da série Crepúsculo são necessariamente bons livros como o primeiro) têm muitos méritos literários. A decisão acertada de fazer a protagonista ser a narradora, faz com que o diálogo com os leitores seja mais aberto e natural. Temos acesso a todas as emoções e conflitos internos da personagem e, pelo seu ponto de vista, tentamos decifrar os misteriosos personagens que se envolvem com ela. Assim sabemos tanto quanto ela sobre as pessoas a sua volta. Os impulsos, desejos, tiques e loucuras de uma garota normal de 17 anos estão presentes na narração. Por isso não dá pra cobrar muita formalidade quando são as palavras de uma adolescente que estão lá. É claro que as limitações são inevitáveis, quando se trata de narrativas em primeira pessoa.

Contudo, o filme, certamente, não apresenta uma força narrativa como a do livro, capaz de encantar gerações diferentes. Eu até posso apostar que ele estará datado dentro de alguns anos. Catherine Hardwicke é uma diretora acostumada a dialogar com o público adolescente bem como a lidar com seus dilemas, sempre criando personagens fortes. Isso é o que provam filmes como Aos Treze e Os Reis de Dogtown.

Catherine não é tipo de diretora que não cumpre o que promete isso porque ela não promete muito mesmo e isso é bom, pois no meio de tantos cineastas pedantes, é bom ver que ela prefere apostar na simplicidade e entregar filmes mais, digamos, sinceros. Pode até não ser uma grande cineasta, mas é uma diretora cheia de boas intenções, pelo menos. Os filmes de Catherine nunca ofendem, mas também não causam comoção. Mas valem pela simplicidade e despretensão da diretora.

O filme Crepúsculo é de longe a mais ambiciosa de suas apostas, levando-se em conta todo o hype criado em torno do romance vampiresco. E se ela não foi tão bem sucedida na transposição da história de Meyer para as telas, foi no quesito bilheteria. Pelo menos, com tudo o que o filme já faturou até aqui (uma quantia bem superior ao seu orçamento, pouco mais de 30 milhões de dólares), a seqüência tem chances de ser bem melhor no que diz respeito ao visual.

O principal demérito do filme é exatamente o visual, afinal sendo uma aventura fantástica, nesse campo é fundamental investir. Mas o que vemos são efeitos ruins, que dão a impressão de obsoletos, inferiores aos utilizados nas séries televisivas da Warner Bros. Aqui, pelo menos, o orçamento baixo justifica. Mas não justifica o roteiro, que não é de todo ruim, mas além de alguns diálogos óbvios, parece que foi escrito apenas para fãs da obra literária, sem se importar muito com quem nunca ouviu falar em Crepúsculo antes de ir conferir o filme. Ainda assim, em alguns momentos, o filme é capaz de decepcionar os fãs por deixar algumas passagens do livro de fora de sua versão em película. E isso não tem nada a ver com purismo. O fato de ela estar de salto ou não na hora do baile ou de não mencionarem o plano de viagem para Seattle (que no livro acaba não levando mesmo para lugar algum), ou a casa da família Cullen não ser branca não interessam. Mas a passagem em que Bella se sente mal na aula sobre tipagem sanguínea deveria estar no filme, afinal sua aversão a sangue seria uma coisa interessante a ser mostrada levando-se em conta o destino da personagem. O passado de Carlisle também merecia uma seqüência, até para introduzir os Volturi (que serão personagens de grande importância nas seqüências desse filme) na história, mas em nenhum momento eles são citados. Os momentos de romance entre Bella e Edward no quarto da garota, em que ele começa a testar o seu controle e descobrir até onde pode ir com Bella sem machucá-la também foram deixados de lado. Serviriam não apenas para acabar um pouco com a aura de castidade tão comentada, mas como uma experiência de descoberta entre os dois, o que remeteria logicamente para a descoberta dos desejos na adolescência, algo tão passível de identificação. O vilão James assim como no livro é o ponto fraco o filme. Introduzido apenas no final da história, perseguindo Bella por motivos simplistas o que acaba levando ao clímax do filme: a luta entre ele e Edward, um conflito, que por ironia, é bem anticlimático. Rápido demais e sem grandes emoções. Até agora também não entendi aquela câmera trêmula de Hardwicke, principalmente na seqüência do beijo.


O excesso de mel certamente incomoda muita gente, mas pelo menos o romance mostrado na tela é bastante sincero. Não existe metáfora, é uma história de amor com algumas passagens que realmente valem à pena, como a cena na clareira, ou quando o casal vai parar em cima das árvores ao som da lindíssima "Bella’s Lullaby" de Carter Burwell, um dos pontos altos do filme. A fotografia é primorosa. Claro, que os efeitos não ajudam, aliás, atrapalham bastante as cenas, que poderiam ser mais encantadoras se estes fossem mais eficientes. Outra seqüência interessante é aquela em que Edward apresenta a namorada a sua família. Rende boas tiradas.

O elenco todo está muito bem. Tanto os amigos de Bella que se mostram muito naturais em seus papéis, desajeitados e graciosos, quanto os Cullen que contornam a bizarrice da maquiagem excessiva e se entregam aos seus personagens com muita sinceridade, à exceção de Nikki Red. Billy Burke está perfeitamente caracterizado como o pai de Bella, injetando simpatia no recluso chefe de polícia Charlie Swan. Taylor Lautner faz o que pode para angariar a simpatia do público em suas poucas cenas como Jacob, para já ir acostumando o público, visto que ganha grande destaque na continuação, Lua Nova. E, talvez o ponto mais alto do filme seja mesmo o casal protagonista. A química entre Robert Pattinson e Kristen Stewart contribui muito para que o filme funcione. Stewart muito eficiente e graciosa como Bella Swan e Pattinson se apresenta charmoso e expressivo como Edward Cullen. Aliás, ele já havia se mostrado encantador em Harry Potter e o Cálice de Fogo.

Cenas que podem parecer gratuitas para quem não é leitor de Crepúsculo, como as quedas de Bella Swan, correspondem bem a sua personalidade. E funciona também como um contraponto entre a humana frágil e o vampiro forte. Outra cena muito criticada e tida como gratuita até para alguns leitores do livro é a do Beisebol. Até pode ser que Meyer tenha se inspirado no Quadribol de Harry Potter, mas no filme a cena não incomoda e nem compromete. E ao som de Muse com "Supermassive Black Hole", ela chega perto de se tornar divertida. Aliás a trilha sonora, inclui ótimas musicas. Além das já citadas, há também "Full Moon" do The Black Ghosts, "Flightless Bird, American Mouth" do Iron and Wine, "Eyes on Fire" do Blue Foundation e "Go All The Way With Me" de Perry Farrell.

Apesar de tudo dá para encarar Crepúsculo como uma diversão passável que não compromete. A cena de abertura já vale.

Vamos ver como vai ser Lua Nova. Afinal, as expectativas agora são boas. Chris Weitz do ótimo O Grande Garoto e de A Bússola de Ouro (que tem seus problemas, mas é bem dirigido e conta com um visual excelente) assume a direção no lugar de Hardwicke, o que pode garantir bons efeitos especiais e um clima maior de aventura, aproximando mais os não-fãs do livro, por torná-lo mais acessível a estes. E levando-se em conta o orçamento do próximo, Weitz tem chances de fazer um belíssimo trabalho construindo cenários fantásticos mais grandiosos. O próximo também não se prende tanto ao romance de Edward e Bella, mostrando mais a amizade entre a garota e Jacob e um leve início de atração e envolvimento entre eles. Há a introdução dos lobisomens que pode ser visualmente interessante e garantir boas cenas de ação, há cenas na Itália, a aparição dos Volturi, a rivalidade declarada entre lobisomens e vampiros, a grande vilã da história que agora tem reais motivos para ir atrás de Bella e mais desenvolvimento de Alice, uma personagem encantadora. Ou seja, tem chance de ser bem melhor que esse. Esperamos que o roteiro que ficará a cargo da mesma Melissa Rosemberg de Crepúsculo também sofra um up grade e fuja mais da obviedade e do excesso de mel.


E para os fãs algumas surpresinhas deliciosas: há uma passagem em que Bella derruba a maçã e Edward consegue pegá-la oferecendo-a a garota com as duas mãos, o que claro, remete a capa do livro. Ainda estão lá as comparações que Bella faz de Edward a super heróis, o diálogo do "leão se apaixona pelo cordeiro", a canção de ninar de Bella e a troca de olhares no final entre o vampiro Edward e o futuro lobisomem Jacob, que além de inimigos naturais, terão uma rivalidade ainda mais acentuada nos próximos filmes, devido a disputa pelo coração de Bella.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

POR AÍ AFORA - Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

A abertura da 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começou ontem com a exibição exclusiva para convidados do filme Terra Vermelha. As sessões abertas ao público começam nesta sexta-feira. Um dos destaques desse ano na mostra fica por conta de Garapa, novo documentário do mesmo diretor de Tropa de Elite, José Padilha. Outra aguardada estréia é a do mais novo longa do diretor alemão Win Wenders que é um dos convidados internacionais da mostra de 2008. Além de Wenders, quem também está entre as presenças ilustres do evento é o ator porto-riquenho Benício Del Toro. O ator é o protagonista do filme que conta a história de Che Guevara e que encerra a mostra. E uma surpresa são as exibições especiais, restauradas pelo próprio autor, do clássico O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola. A maratona de filmes vai até o dia 30 de outubro. Não deixe de conferir e boa sessão!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

SALA DE ESTAR - Teledramaturgia

O mercado de telenovelas vem aumentando exponencialmente no Brasil, um dos países que mais consome o popular e malfadado produto. Se lá pela década de 70, a disputa ocorria entre a Globo e a Tupi, com a falência desta última em 1980, a Globo passou a brigar com a Rede Manchete. A briga ia muito bem, mesmo com os altos e baixos da rede dos Bloch, até esta também falir depois do fracasso da “famosa” Brida, inspirada em romance de Paulo Coelho e protagonizada por Carolina Kasting, ainda na sua pré-fase Globo. Por algum tempo, a Vênus Platinada reinou absoluta no que concerne à teledramaturgia. Sílvio Santos, às vezes acertava e importava uns folhetins mexicanos que acabavam por incomodar a Globo, devido a boa audiência que conquistavam, como é o caso das “Três Marias” da pseudo-cantora/atriz, Thalia. Mas isso não significava uma grande ameaça.

Entramos nos anos 2000, e a Globo continua na disputa, dessa vez, com duas emissoras que se mostram cada vez mais empenhadas em consolidar um mercado de teledramaturgia respeitável: A Record e o SBT.

A Record, entre as duas é a mais ousada. Depois do fracasso Metamorphoses, que prometeu demais e cumpriu de menos, a emissora finalmente conquistou um público cativo para suas tramas e uma audiência cada vez mais crescente com A Escrava Isaura e Prova de Amor, além de fenômenos ainda mais recentes, como é o caso da ótima Vidas Opostas e da inverossímel e trash-cult Caminhos do Coração, bem como sua continuação intitulada Os Mutantes. A Record já conta também com seu próprio Projac, o RecNov, onde se concentram os estúdios e cidade cenográfica das suas telenovelas e parece que para atingir o cume, falta muito pouco.

O SBT ingressou sem sucesso na teledramaturgia, ainda nos anos 80, com telenovelas previsíveis e desastrosas. Os fracassos noventistas Cortina de Vidro e Brasileiras e Brasileiros, só vieram reafirmar isso. Já o 3º remake de Éramos Seis obteve um bom retorno, tendo feito um razoável sucesso e sendo considerada a melhor produção de todos os tempos da emissora do baú. Já as subseqüentes As Pupilas do Senhor Reitor e Sangue do Meu Sangue, apesar do elenco respeitável e do esforço

por uma bela caracterização e produção, não foram tão bem. Atualmente, o SBT investe ainda muito fracamente no setor, optando por adaptações brasileiras de dramalhões mexicanos (sem se importar muito em fugir do contexto e abrasileirá-la, fazendo de suas produções, essencialmente mexicanas) e por comprar tramas bem sucedidas da finada Rede Manchete, como aconteceu com Xica da Silva e mais recentemente com Pantanal. Ambas ajudaram a alavancar a audiência da emissora que não andava bem das pernas. Entre seus sucessos nos remakes de folhetins mexicanos encontram-se a datada Esmeralda e, talvez, a melhor de suas produções no setor de adaptações de novelas da Televisa, Canavial de Paixões, ambas protagonizadas pela ex-Sbt e atual Rede Record, Bianca Castanho.

O atual sucesso do SBT, com Pantanal, se deve a três fatores: saudosismo daqueles que acompanharam à telenovela em sua exibição original na Rede Manchete, em 1990 e estavam que não agüentavam mais de saudades de Juma, Véio do Rio e Cia; curiosidade, daqueles que não acompanharam a trama ou, que como eu, eram ainda muito pequenos na ocasião em que a novela foi exibida e têm lembranças muito esparsas dela, e querem saber o que tem de especial essa novela da qual os mais velhos tanto falam, enfim, saber a resposta para um sucesso estrondoso que chegou a fazer tremer como nunca o império global; e, por último, mas não menos importante, a qualidade e carinho com que foi escrita e produzida. Pantanal é para muitos A Novela, aquela que constitui quase um panteão ao lado de Escrava Isaura (a versão original) e Roque Santeiro. Mas apesar de tudo, não dá pra deixar passar despercebida a direção fetichista de Jayme Monjardin (uma característica sua que sempre me incomodou), aquela mania de cenas grandiosas gravadas com um fetiche sem igual, como se ele quisesse a todo custo impressionar e torná-las memoráveis, antológicas. Pode até funcionar quando é televisão, apesar de incomodar, mas no cinema não dá, vide o desastre fílmico intitulado Olga, um dos piores filmes brasileiros dessa nova safra de cinema nacional. Mas bem, aí já é outra história.

Dizem por aí, que o sucesso dos Mutantes da Record, é inexplicável. Eu acho perfeitamente compreensível. Diante das tramas repetitivas e maniqueístas da Globo (sempre tem a mocinha, o mocinho, o vilão, a gostosa, o safado mau-caráter que cai nas graças do público), essa veio com uma proposta, senão totalmente inovadora, pelo menos diferente do que estamos acostumados a ver, muito embora, a trama peque com a tosquice e inverossimilhança. E é esse aspecto trash que faz da novelinha um objeto tão cultuado pelos fãs.

Se a novela sempre foi o produto mais apreciado e popular entre os telemaníacos (a novela das 8 sempre foi e continua sendo, mesmo com a audiência baixa, o carro-chefe da Globo), agora eles devem estar fazendo a festa, com tantas propostas no gênero. Uma pena para quem já não agüentava as tramas bocejantes e leblonescas da Globo, esta que parece, vai permanecer muito tempo na disputa teledramatúrgica.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

78 ROTAÇÕES - 25 Anos do LP Voo de Coração de Ritchie


No dia 24 de junho, o disco clássico Voo de Coração do cantor Ritchie, completou 25 anos de lançamento. Tá certo que já fazem dois dias, mas antes tarde do que nunca, não é. (risos)
Pra mim, é um dos melhores discos do rock nacional dos anos 80, e não me admiro ele ter entrado para a história vendendo mais de 1 milhão de cópias, com a clássica música Menina Veneno. Sou muito fã dele.
Quem quiser ver no site do cantor Ritchie pode clicar aqui, ou ali na lateral onde está escrito Nossos Cults.
E mais, também para vocês verem, separei um vídeo do cantor no You Tube, a apresentação dele cantando "Menina Veneno" no Globo de Ouro em 1983, música que está nesse disco.
assista, logo abaixo
Parabéns a Ritchie pelo sucesso desse disco, e nós fãs só temos de brindar por isso.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

sexta-feira, 28 de março de 2008

78 ROTAÇÕES - Renato Russo

Ontem, no dia 27/03, o magnífico poeta Renato Russo, líder da Legião Urbana, estaria completando 48 anos de idade se estivesse vivo.
É ótimo sempre ouvir suas composições, sempre me emocionam. É uma pena eu não ter acompanhado o trabalho dele. Em 1996 ano de sua morte, eu tinha 9 para 10 anos, só conhecia as músicas do Renato que ele cantou em italiano que tocaram muito nas rádios, descobri que ele era vocalista da Legião Urbana e que era uma banda de rock, só quando ouvi a notícia de que ele morreu, e eu não imaginava que um dia, me tornaria tão fã da banda. Comecei a ouvir aos 12 anos, passaram muitos especiais da Legião na TV e nas rádios nessa época, e eu assisti todos, e gostei muito da banda. Depois disso sempre entra nas lista das minhas bandas favoritas.também descobri nessa época, que a banda tinha muitos fãs desde a década de 80, e até hoje atrai fãs que tem mais ou menos da minha idade.
O melhor disco da Legião, o Dois saiu em 1986, ano que eu nasci, esse disco me emociona sempre que eu o ouço, tem músicas encantadoras.
Um disco que eu achava que não era bom é Que País é Esse, mas estava enganada, esse é um dos discos mais políticos da banda, isso que me atraiu, ele é o disco mais rock da banda, com músicas como Faroeste Caboclo, por exemplo.


Da minha coleção de discos da década de 80 da Legião só falta o 1° deles, espero que eu consiga encontrá-lo em breve.
Renato Russo era realmente um grande poeta, o guru dos adolescentes como ele era conhecido, pena ter morrido jovem, aos 36 anos de idade. Suas músicas para nós, seus fãs sempre serão inesquecíveis. Aproveito o momento e coloco um clip da Legião Urbana, o escolhido foi Tempo Perdido.

domingo, 16 de março de 2008

SALA DE ESTAR - A Praga dos Reality

Reality Show é uma praga. E é uma praga por três motivos. Primeiro porque são muito ruins mesmo. Não consigo apontar nada de positivo ou construtivo que um programa desses possa acrescentar a nossa vida, muito embora, comente-se sobre os valores, caráter e os relacionamentos sociais e pessoais. Mas geralmente quem assiste a reality's tá a fim de ver barraco e as gostosas semi-nuas, pouco se importando com valores, moral ou ética.

O segundo motivo é que, sendo uma praga, ela infestou toda a televisão. O Sbt já teve, pelo menos, uns vinte reality shows. Hoje ele deu um stop e se contenta com uns dois ou três (o da babá, que é até interessante, e o dos aspirantes a ídolos). Um dos carros-chefes da Globo é o Big Brother Brasil. Bem, com esta galinha dos ovos de ouro quem precisa de outro reality? A Globo, lógico. Apesar de o BBB ser o mais famoso, rentável e bem-sucedido, a Vênus Platinada, volta e meia decide investir em outro programa com um formato similar. Pode ser dentro de outras atrações da emissora mesmo (o Luciano Huck que o diga). A Record tem O Aprendiz (que já mostrou sua força), Mudando de Vida e o Troca de Família. A Mtv tem uns trinta. De namoros à reforma de carros. Mas o pior é que, para cada 5 realitys que a TV aberta lança, a TV fechada lança uns 200. Sony, E!, Fox, TV Senado, TV Escola... A TV fechada está munida dessa praga. E vai do comum ao exótico. Até cirurgia plástica tem.

O terceiro motivo é que o diacho vicia. Claro, depende de você se deixar viciar.

Quando a Casa dos Artistas estreou, nem me passou pela cabeça acompanhar diariamente a novelinha da vida real que o Sílvio Santos "criou" inspirado num reality show holandês chamado Big Brother. Já ouviu falar? Mas eu não tinha nada pra fazer naquele horário mesmo, então eu decidia estudar ou ficar sem fazer nada. Acontece que eu não sei estudar ou fazer nada com silêncio. Então eu ligava a TV. No Sbt. E, sim, dava uma espiadinha... quer dizer, uma olhadinha. Logo, eu não consegui escapar da praga e me pegava assistindo sempre.

Em pouco tempo, o programa enjôou. Mas a verdade é que a Casa sempre teve um problema: O que poderia ser legal - ver os artistas perdendo a pose e mostrando que na verdade são como nós reles mortais ou até piores, não justificando o fato de as pessoas ficarem chorando ou pedindo autógrafos a eles - não era, não funcionava direito. Isso porque a atração reunia uma meia dúzia de artistas decadentes, que o povo nem mais lembrava que existia, e mais uns seis desconhecidos que ainda estavam em busca de uma gravadora ou emissora de TV corajosa que lhes dessem uma oportunidade. O legal seria ver artistas em ascenção por lá. Mas claro que nenhum desses se submeteria a essa experiência. Decadentes e quase-anônimos entravam lá por uma chance de ficar em evidência. É claro, que o reality teve seus trunfos: Supla, Bárbara Paz, Alexandre Frota, Carola (artista????) e Agnaldo Timóteo foram as pedras mais importantes do Xadrez em meio aos peões que residiram lá.

Quando apareceu o BBB, todo mundo começou a comentar. Na escola, no ônibus, na rua, na chuva e na fazenda. Por curiosidade, eu dava uma espiada para ver como era. O fato é que eu nunca consegui assistir a uma temporada inteira do programa. Vidas alheias de anônimos pouco me interessam. Mas, às vezes, é interessante assistir e ver como a Globo manipula o telespectador.

O BBB 8 é uma prova viva disso. Só não viu quem não quis.

É só parar e analisar. Lembra do início do programa? Lá estavam todos os estereótipos. Pelo menos, aparentemente. Tinha a bela, a miss, a caipira, os bonitões, o bonzinho, os batalhadores, os inexpressivos. Mas cadê os polêmicos? E, nossa, ninguém é suficientemente carismático. Ei, e que harmonia é essa dentro da casa??? Ihhh! Isso não ajuda em nada na Guerra da Audiência!!!

Bastou. Foi lá a produção dividir a casa em duas: o grupo da comida boa e farta para um lado e o grupo da comida ruim e escassa do outro. Instalou-se um Big-Fone que também pode ser chamado de telefone da discórdia que, quem atende, ou é indicado ou tem de indicar o outro ao paredão. E, claro, alguns "bonzinhos" começaram a pôr as garrinhas de fora. E dá-lhe Barraco. O Pau comeu solto lá dentro, do jeito que o povo gosta e que Boninho aprova. A produção do programa deve estar satisfeita com o excelente trabalho que fez.

Mas houve um problema. O participante mais polêmico e popular de todos os tempos saiu faltando menos de um mês para o programa acabar. Como manter a audiência ligada em frente à tela nessas últimas semanas sem o polemista e provocativo psiquiatra com seu probleminha de preferência sexual? Ora, chama bandas famosas pra fazer show, mais festas e... que tal chamar uma atriz famosa da casa pra morar lá, nem que seja por 21 horas? Sim, pode ser também.

E foi assim que o BBB 8 funcionou. Movido a discórdia e outros temperinhos mágicos. É, a Globo sabe das coisas.

O mais curioso dos reality's é que essa fórmula é febre lá fora desde os anos 80. O Brasil descobriu o fenômeno com duas décadas de atraso. Mas nunca é tarde demais para descobrir formas bem sucedidas de entreter o público, não? Ainda que entretenimento signifique hoje algo próximo de alienação. Mas não pra se preocupar. Se os céus ajudarem, daqui a pouco, a fórmula já estará desgastada.

segunda-feira, 3 de março de 2008

NA ESTANTE: Tropa de Elite, Iron Maiden e Cássia Eller

Tropa de Elite
O fenômeno do ano passado Tropa de Elite chega em DVD dessa vez em cópias legais. Sem aviso prévio, o explosivo filme de José Padilha chegou em 2007 fazendo um tremendo barulho e, logo, não se falava em outra coisa. Além de trazer Wagner Moura no papel de sua vida, o filme levantou várias discussões e provocou polêmica. Acusações de que Tropa era um filme fascista foi o que não faltaram. Mas nem toda polêmica e pirataria conseguiram derrubar Tropa de Elite, muito pelo contrário. O que aconteceu foi que Capitão Nascimento se transformou no herói do século e Tropa ainda foi premiado com o Urso de Ouro no Festival de
Berlim!
Trailers, entrevistas, galerias de fotos e um bônus especial com versão para MP4 constituem os extras do DVD. Tropa de Elite vai com certeza fazer parte da estante do Bloggalerya.

Iron Maiden: Live After Death
Aproveitando a vinda da banda de Bruce Dickinson ao Brasil, é lançado por aqui o Live After Death. O DVD (que já havia sido lançado em VHS) vem com dois discos. O primeiro traz registros de um show do Iron, em 1984, nos Estados Unidos, durante uma antológica turnê da banda. O segundo traz dois documentários de uma hora de duração com entrevistas, depoimentos e cenas de bastidores. Outro destaque interessante é a apresentação histórica que eles fizeram no Rock in Rio de 1985.

Cássia Eller: Raridades
Como o próprio nome da coletânea diz, o CD traz registros menos conhecidos de uma das mais importantes cantoras brasileiras. O grande trunfo dessa coletânea é captar uma das características mais marcantes de Cássia: a Versatilidade. O disco traz o dueto que a cantora fez com Herbert Viana (Mr. Scarecrow), sua interpretação para o clássico do Nirvana, Smells like teen spirit, registros ao vivo, participações em discos de outros artistas, e outras gravações. Em Raridades desfilam grandes nomes da música nacional e internacional. De Zé Ramalho a John Lennon. De Cole Porter a Cazuza, passando por Gilberto Gil, Djavan e Beatles. Tudo isso interpretado de forma única por Cássia. Raridades é destinado especialmente aos fãs da cantora e àqueles que desejam conhecer mais profundamente tudo o que fez parte de seu eclético repertório.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

PROJETORES - Juno / Vestida Para Casar

Minha tarefa hoje é comentar dois filmes totalmente díspares.

O primeiro integra o grupo dos filmes indie: daqueles que concorrem ao Oscar de Melhor Roteiro Original e é o azarão dentre os indicados na categoria de Melhor Filme.

O segundo vende-se descaradamente como uma comédia romântica esquecível, feita na medida para garotas apaixonadas que acabam contribuíndo para o filme ser um sucesso de bilheteria já que elas arrastam a todo custo o namorado para as salas de projeção.

Juno tem grandes méritos. O primeiro, claro, é a protagonista interpretada pela sempre ótima Ellen Page. Aqui a garotinha mosta porque é uma das melhores atrizes da nova geração e me faz lembrar porque é uma das minha atrizes favoritas atualmente. Carismática e talentosa, ela sempre entrega atuações marcantes, seja como a MeninaMá.com ou como a Kitty Pride. E aqui não é diferente. Ellen interpreta uma garota inteligente de 16 anos que, por puro descuido, acaba engravidando do melhor amigo. Enquanto o seu pai não consegue lidar com a situação e aceitar o fato, Juno decide procurar um casal interessado em adotar o seu bebê.

Diálogos interessantes, trilha sonora bonita, elenco surpreendente, momentos ternos, dramáticos e engraçados bem dosados e um apanhado de referências como aperitivo. No entanto, nem tudo é perfeito. O que mais incomoda é que Juno parece seguir uma fórmula. E, como todo mundo sabe, seguir padrão é sinônimo de acertar facilmente, não tem como dar errado. Mas também é sinônimo de falta de originalidade e inventividade. Johnny & June é um desses filmes que seguem uma fórmula. Por isso, não passa de um filme correto, sem ousadia, o que chega a ser sem graça. Fugir do óbvio, ousar é sempre um risco, mas louvável.

Mas nada que comprometa efetivamente. No final das contas, Juno é um bonito filme, que merece todo o alarde que se tem feito por aí.

Vestida Para Casar é um filme que tem mais defeitos do que qualidades a seu favor. O maior demérito, como eu já disse lá em cima, é que o filme é esquecível. Mas, por ironia, o maior trunfo é o duo memorável formado por Katherine Heigl e James Marsden.

O mais engraçado é o fato de uma comédia romântica quase anódina ser encantadora em alguns momentos. Vestida Para Casar soa como um Sessão da Tarde simpática, cheia de clichêzinhos até perdoáveis (o que seria de uma comédia romântica sem alguns desses clichês?).

Verdade seja dita: Sem Heigl e Marsden, o filme não funcionaria. Ambos bastante carismáticos, convencem em seus respectivos papéis (ela da solteirona que vive participando de casamentos, sempre como a madrinha, nunca como a noiva; Ele como o repórter bisbilhoteiro e cético em relação a casamentos que acaba se interessando pela história da eterna madrinha). Juntos, os dois funcionam muito bem na tela.

A despeito da boa química do casal e da simpatia trasmitida pelas suas personagens, está a previsibilidade do roteiro. Sabemos de antemão como será o final, não dá para esperar nenhuma surpresa. O restante do elenco tembém não tem muito o que fazer em cena, servindo apenas como mais alguns adornos bonitinhos, visto que é tudo muito raso. A culpa, não sei bem, se é mais da diretora, a fraca Anne Fletcher (Ela Dança, Eu Danço), ou da roteirista Alice McKenna. Confesso que da roteirista de O Diabo Veste Prada eu esperava mais. Mas o roteiro limita-se ao óbvio, ao já batido e desgastado, mas que é o que faz a festa dos fãs do gênero. Anne Fletcher não faz mais do que seguir à risca o roteiro.

Mas esqueça que é só mais uma comédinha romântica bonitinha e ordinária. Vale a pena dar uma olhada no charmoso casal interpretado por Heigl e Marsden, responsáveis pelo temperinho a mais que faz do filme um passatempo até mais ou menos. Pena que seja só isso.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

ESCAVANDO - Rock Nacional Anos 80 Pt. 1

Decidi abrir a sessão Escavando tratando de um assunto que eu adoro: O rock brasileiro da década de 80. Como tem muita coisa para falar, eu optei por dividir a década em três partes, focando cada uma delas em períodos de três anos. Essa primeira parte limita-se ao período de 1981 a 1983, quando o B'Rock começou a estourar nas paradas de sucessos.

Mas antes eu acho oportuno inaugurar essa seção com um texto que a Sygma escreveu sobre os anos 80:
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Gang 90 e as Absurdettes

“‘Adeus metáforas’ era o nosso lema”. A frase é do cantor Ritchie, autor do clássico do pop rock nacional Menina Veneno, e saiu assim, naturalmente, tudo porque Ritchie queria a definição perfeita para o que era a música que faziam ele e seus amigos roqueiros dos anos 80.

Chega do Cálice de Gil ou do Sabiá de Chico, o negócio nos anos 80 era ser claro e direto, aproveitando que a censura havia dado uma trégua e pelo menos um pouquinho de liberdade de expressão já era permitida. Assim foi o rock brasileiro dos anos 80, um verdadeiro fenômeno com cara e jeito de movimento, apelidado por Nelson Motta de BRock.

O Pop mesclou-se com o New Wave e flertou com o Punk. As letras falavam de assuntos triviais, de relacionamentos ou temas sociais, algumas vezes com seriedade, outras em tom de brincadeira, mas sempre de forma direta, sem rodeios.

Combinado a isso, estava o visual extravagante, os cabelos armados com gel e as roupas multicoloridas.

Blitz, Legião Urbana, Capital Inicial, Ritchie, Lulu Santos, Léo Jaime, Kid Abelha, Plebe Rude, Gang 90, Lobão, Metrô, Engenheiros do Hawaii e uma infinidade de outras bandas e artistas emergiram na década perdida, os anos 80 que hoje representam muito mais do que uma década. Representam o catalisador da energia de que tanto necessitava o rock nacional, perdido, durante as décadas anteriores, no meio do conservadorismo da MPB que dominava até então o cenário musical brasileiro.

O BRock surgiu assim... Naturalmente, da mesma forma que a definição dada pelo cantor Ritchie. Surgiu na brincadeira e da vontade de fazer algo diferente, de dar voz aos jovens e de calar a repressão, passando a mensagem sem eufemismos e poesia através do Rock N’ Roll.

E essa sessão surgiu da vontade de relembrar os bons e velhos tempos, da necessidade da nostalgia, afinal com o revival que começou no início dessa década, quem duvida que os anos 80 estejam aí de volta, para serem revividos e relembrados?

Blitz em sua formação original

Foi com banda Gang 90 & as Absurdettes, formada pelo DJ Júlio Barroso, em 1981, que tudo começou. Totalmente influenciada pela New Wave, a nova onda que tomava conta do cenário musical europeu, a banda de Barroso tinha uma sonoridade e identidade muito interessantes, com muito humor e referências, a Gang 90 fazia um som diversificado, autêntico, divertido e dançante. Pelo selo HOT de Nelson Motta, a banda gravou seu 1º compacto que trazia a música com a qual eles concorreram no Festival MPB Shell 81 , Perdidos na Selva, uma das minhas favoritas.

Outra banda que apareceu ainda no início dessa década foi a irreverente Blitz de Evandro Mesquita, que na época contava com o polêmico Lobão na bateria. A música Você Não Soube me Amar foi o seu primeiro grande sucesso. Alguém se lembra do compacto dessa música, de capa rosa choque, e com Evandro repetindo à exaustão a palavra "nada" do lado B? Bizarro não?

Em 1981 surgiu outra banda muito boa, vinda direto de Brasília: a Plebe Rude. Ao contrário das outras bandas que apareceram antes, eles faziam um rock mais político.

No ano de 1982 apareceriam outras bandas bem legais como o Barão Vermelho que trazia o lendário Cazuza nos vocais e que, mais tarde, se consagraria como um dos maiores poetas de nossa música e sua banda como uma das mais importantes da história da música brasileira. Nesse mesmo ano o Barão lançou seu 1º disco que levava o mesmo nome do grupo. Lulu Santos lançou o Tempos Modernos também em 82, um disco que infelizmente ainda está faltando na minha coleção. Já a Gang 90 lançou o Essa Tal de Gang 90 & Absurdettes que trazia, além da clássica Perdidos na Selva, a balada Telefone e aquela outra que eu gosto muito: Nosso Louco Amor, a música que me fez ter vontade de comprar esse disco. É uma pena ainda não tê-lo encontrado :(

Foi também em 1982, mais propriamente em janeiro, que abriu na Praia do Aeroporto, a mais importante casa de shows da época, o Circo Voador, que faria história. Três meses depois ele mudou de endereço e foi para os Arcos da Lapa.


Circo Voador, o palco de momentos históricos

Blitz lança o disco As Aventuras da Blitz, aquele mesmo que tinha as duas últimas faixas riscadas, por causa da censura. Nessa época Lobão já tinha pulado fora do barco e lançado seu 1° disco solo Cena de Cinema, outro dos que eu ainda não encontrei.

A inigualável Legião Urbana de Renato Russo que, muita gente concorda comigo, é uma das melhores dos anos 80, realizou seu 1° show abrindo para a ótima Plebe Rude. Também quem estreou nesse ano foi os Paralamas do Sucesso, com Baroni tendo sido chamado as pressas para substituir Vital na bateria, visto que este último preferiu passear com sua moto, esquecendo assim o compromisso de tocar na universidade com a sua banda, o que um pouco mais tarde renderia uma música, aliás, um verdadeiro clássico dos Paralamas.

A banda Herva Doce gravou seu 1° disco com a divertida música Herva Venenosa e, quem diria, um ano depois estavam abrindo para o Kiss, no Rio de Janeiro.

Em 1983 os Paralamas lançaram o compacto com a bacana Vital e Sua Moto inspirada na aventura do ex-baterista da banda. Nesse ano a banda também lançou o disco Cinema Mudo.

Depois de Lulu Santos e Lobão, outro ex-integrante da banda Vímana partiu para a carreira solo: o inglês Ritchie, de quem eu sou muito fã, gravou o compacto da música Menina Veneno e assim como o Paralamas lançou seu 1° disco no mesmo ano do compacto, o Vôo de Coração um recorde de vendagens para a época e um dos meus favoritos da minha coleção de LPs.

Lulu Santos além de gravar seu 2° disco produziu o compacto de outra banda que entraria para a história, o Kid Abelha que trazia as músicas Pintura Íntima e Por Que Não Eu.

Camisa de Vênus do excêntrico Marcelo Nova, amigo de longa data do grande Raul Seixas, lançou seu 1° disco intitulado com o nome da banda.

E aqui encerra essa primeira parte. Logo eu postarei a próxima parte que enfoca o período de 1984 a 1986. Tenho certeza que tem muita coisa para contar.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

78 ROTAÇÕES - Velvet Revolver

Eu nunca fui fã de Guns N' Roses. A verdade é que exageraram tanto a importância da banda (que acabou lá nos anos 90) que até hoje eles são descobertos pelas novas gerações de roqueiros pré-adolescentes. Moleques que costumam desprezar bandas novas como Panic at the Disco, My Chemical Romance, Fall Out Boy e outras, acusando-as de bandas de pseudo-rock enquanto afirmam que Guns N' Roses foi uma das últimas bandas Rock N' Roll de verdade. E eu fico pensando se, de fato, uma banda que fazia baladinhas bregas e romântiquinhas como Patience, November Rain e Don't Cry e ainda contava com um vocalista de shortinho apertado, bandana, requebrado de fazer inveja a Carla Perez, um verdadeiro roqueiro de boutique, um poser que afinava a voz e se achava indubitávelmente cool podia ser assim tão... Rock N' Roll. Não me entendam mal. Não gosto de Panic at the Disco também e tem algumas músicas dos Guns que eu até ouço, mas não sou, nem nunca fui fã.

Pelo menos na minha opinião, o guitarrista Slash era um dos poucos atrativos do grupo, aliás uma coisa muito curiosa que eu vejo por aí é que tem uma pá de gente que não gosta dos Guns, mas que sempre admirou o Slash. Slash é realmente um grande músico e é bom ver que ele sobreviveu aos anos 2000 e está aí de volta com outra banda, enquanto Axl Rose (o sujeito rebolativo de shortinho apertado) depois de despedir todos os membros originais dos Guns em meados dos anos 90 (sem ao menos consultá-los) planeja já há uns dez anos uma volta triunfal de sua banda com novos integrantes. Sem Slash e, provavelmente, sem o mesmo sucesso de outrora.

O Velvet Revolver surgiu em meados de 2002 trazendo além de Slash em sua formação, outros integrantes dos Guns N' Roses, como o baixista Duff McKagan e o baterista Matt Sorum . O Velvet ainda conta com Dave Kushner na guitarra e com um dos vocalistas mais legais dos anos 90: Scott Weiland (ex-Stone Temple Pilots) a frente da banda.
Quando surgiu o Velvet já foi imediatamente apontado como uma das grandes promessas do rock, o que acontece com toda banda que surge por aí fazendo um rock interessantinho e que se diferencia do que está na moda.

Depois de dois discos lançados (Contraband, de 2004 e Libertad, de 2007) o que se pode constatar é que difícilmente, o Velvet Revolver vai entrar pra história ou ser a banda favorita de alguém. Não que fazer história seja sinônimo de ser banda boa, afinal, como já foi dito, Guns é uma banda histórica.

Velvet Revolver é audível, agradável, divertido, chega até a ser interessante, talvez por fugirem dos modismos musicais e fazerem um som um tanto antiquado, mas de qualidade. O problema é que o Velvet não te puxa pelas entranhas. Contraband é um disco bem regular, já o Libertad é um disco mais legal. Let it Roll e Don't Drop That Dime, respectivamente, a primeira e última faixa do álbum são muito boas. Já Can’t Get It Out Of My Head e Gravedancer são bem pouco memoráveis.

Eu lembro de ter gostado bastante da primeira música que eles lançaram: Set Me Free, acho mais, porque fazia parte da trilha sonora de um dos meus filmes prediletos daquele ano de 2003, Hulk.

Mas o Velvet é muito até. Até interessante, até empolgante...

Como eu já disse, é bom ver Slash novamente em ação numa banda mais bacana que o Guns e é bom ver Weiland ainda vivo, como frontman do Velvet. Espero que ele definitivamente tire umas férias da prisão e exclua as substâncias ilícitas de seu cardápio.

Pode não ter a mesma mística do Stone Temple Pilots, ou mesmo toda a energia do superestimado Guns N' Roses, mas vale a pena conferir. Você corre o sério risco de se pegar indicando o Libertad para seus amigos, só pelas três primeiras faixas que são mesmo bem legais.